quarta-feira, 1 de setembro de 2010

A Mosca (1986)



Título original: The Fly
Direção: David Cronenberg
Elenco: Jeff Goldblum, Geena Davis, John Getz
Prêmios: Oscar de maquiagem

David Cronenberg é doente, costumo brincar. Desde sua estréia ainda no Canadá, com Calafrios (Shivers - 1975), passando por Filhos Do Medo (The Brood - 1979), até Scanners (1981) e Videodrome (1983).

Incesto, perversão sexual, demência, meandros ocultos da mente, nada é tabu para ele. Em seus filmes se espalham vírus da libido, snuff movies, cabeças que explodem, moscas gigantes, crianças deformadas, taras sexuais por acidentes de carro... Cronenberg sempre foi fundo no que há de mais perverso, brutal e primitivo na humanidade.

Seus filmes, até mesmo os mais, digamos, “convencionais” (se é que pode se dizer isso), como Gêmeos: Mórbida Semelhança (1988), Spider (2002) e Marcas Da Violência (2005) trazem questionamentos e perturbações que nem a produção esmerada e a falta de gore conseguem disfarçar.

Este A Mosca, refilmagem d’A Mosca De Cabeça Branca (EUA – 1958), é certamente seu filme mais pop. Pena que o sucesso se deva mais às cenas explícitas de podreira do que do talento do diretor em conduzir, mesmo com atores pífios, uma narrativa curta e direta de cunho melancólico, cheio de filosofia.

Um cientista, testando uma máquina de teletransporte, resolve, após usar animais, experimentá-la consigo. O processo é bem-sucedido, exceto pelo fato de uma mosca entrar junto na cabine. Com isso se desencadeia uma mutação que vai amalgamando as duas criaturas, transformando-o num monstruoso inseto.

Seu comportamento é o que muda primeiro, e, logo, delírios de grandeza vão nos conduzindo, entre uma cena splatter e outra, a uma tensa e triste viagem à nossa condição de animal, de homem, de além-do-homem. Nietzsche nunca foi tão grotesco.

Curiosidade: o fime original inspirou um desenho da Pantera-Cor-De-Rosa em que, no futuro, ela tenta teletransporte, uma abelha entra junto e ambos ficam, digamos, meio-a-meio. Um clássico. Alguém lembra? Está aqui, uma jóia de 1975.

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