domingo, 5 de setembro de 2010

Todo-Poderoso: O filme (2010)



"O Corinthians é uma república dentro da cidade de São Paulo... ali tem um povo, com outra linguagem, outro idioma, outro governo, outros comportamentos, outra religião" (Casagrande)

Logo nos primeiros minutos do filme precisei pausar o DVD para perguntar pelo Twitter o porquê de algumas (poucas) pessoas torcerem por outros times que não o Corinthians.

Na semana do Centenário do Corinthians, o Fábio Vanzo e eu resolvemos assistir ao filme com uma garrafa de espumante em tom de comemoração, mas é claro que não ficou só nisso. Quando se fala do amor pelo Corinthians a coisa sempre acaba transbordando e as lágrimas, os suspiros e os sorrisos são inevitáveis.

Neste terceiro filme sobre o Corinthians, a narrativa se desenvolve em torno dos 100 anos de história do clube, o que se torna um grande empecilho já que, torcedores de outros times devem concordar, o Corinthians é o time com as histórias mais ricas deste país. Nos anteriores “Fiel” e “23 anos em 7 segundos”, que abordaram respectivamente a queda do time para a série B em 2007 e o famoso jejum de títulos corinthianos que teve fim em 1977, os temas puderam ser desenvolvidos com toda a profundidade e complexidade que o amor incondicional pelo “time do povo” precisa para ser compreendido ou ao menos explicado. É claro que em “Todo-Poderoso” não faltam momentos de emoção e para todo corinthiano ver a encenação da fundação do clube no marco-zero no Bom Retiro ou as primeiras imagens do time em ação e ouvir as histórias clássicas contada pelos seus próprios protagonistas é de tirar o fôlego, mas faltou tempo, afinal, 100 anos de Corinthians não é algo que não se explica em pouco mais de uma hora e meia de filme.

Nos extras do DVD um depoimento da Marília Gabriela explica de forma clara, como só ela poderia fazer, a importância da “Democracia Corinthiana” e, inclusive, ela admite que não se importava com futebol antes disso, pois naquele momento ela viu o futebol fazendo a diferença na história do país e que aquele era o tipo de exemplo que ela tentava passar aos seus filhos. Também nos extras, Casagrande conta que sofria batidas policiais diariamente na época e que foi preso um dia após a final do campeonato paulista de 2002. Como explicar o maior, talvez único, movimento ideológico ocorrido na história do futebol? Ou como não se emocionar com um jogador de futebol (Sócrates, O Pensador Da Bola) em um palanque jurando se manter no país caso a emenda Dante de oliveira (Diretas Já) fosse aprovada?

No filme os títulos são relatados de forma tão rápida que cheguei a pensar que o Brasileiro de 2005 fora esquecido, mas não foi isso. O que explica o amor do corinthiano não são os títulos e sim a paixão. E por isso a fila, a invasão, a fundação e a queda têm mais valor para a narrativa que pretende explicar esse amor. Amor comparado ao amor de mãe por uma torcedora, pelo amor ao marido por outra e definido de forma simples como “o maior amor do mundo”.

Em resumo, “Todo-Poderoso: O filme” não é um grande filme, mas é essencial e é “Curintia, porra!”


Mais: Nas próximas semanas será lançado o filme do São Paulo, “Soberano”. O foco será os inéditos seis títulos brasileiros do clube e isso demonstra a forte diferença entre os corinthianos e são-paulinos. Em outras palavras, diferentemente de outros times, o corinthiano não precisa de títulos para ser corinthiano.

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